O PERSONAGEM NO CINEMA BRASILEIRO

Resumo

Este trabalho propõe uma leitura da série Dois Irmãos, de Luiz Fernando de
Carvalho, a partir da adaptação do romance homônimo de Milton Hatoum, visando
analisar a construção da subjetividade do personagem do cinema brasileiro.
Tomando-se como base o conceito de pós-modernidade conforme postulado por
Stuart Hall, procura-se estabelecer uma relação entre a produção cinematográfica
brasileira e as transformações da sociedade no período compreendido por esse
rótulo. A partir dessa relação, busca-se problematizar a existência de múltiplas
identidades dos personagens, advindas da ideia de dessubstancialização do sujeito
pós-moderno. Entre os aspectos analisados na série, nota-se como há a
hibridização cultural de uma família de origem libanesa que vive no Amazonas,
convivendo com as pessoas do local, entre elas os indígenas. Assim, os aspectos
religioso e linguístico, que se desdobram em diferentes frentes, são elementos
importantes para a hibridização encenada na série. Não apenas isso, os
personagens apresentam diversas faces seja pelos lugares que ocupam na
sociedade, seja pela indeterminação freudiana dos papéis de pai, mãe, filho, irmão.
Para tanto, a análise empreendida nesta pesquisa se pauta por um método
imanentista, observando a própria construção cênica da série, a partir dos conceitos
filosóficos abordados. Assim, a subjetivação dos personagens é esteticamente
encenada na fotografia e nos enquadramentos que promovem o antagonismo dos
“dois irmãos”, colocando em pauta sua fragmentação social no contexto patriarcal
da família libanesa-brasileira. Logo, procura-se analisar a construção subjetiva do
personagem no cinema brasileiro e suas mudanças com a diversidade cultural.